“Eu não acredito que aqui tenha um poder paralelo, existe infelizmente local onde o Estado Democrático de Direito não está presente, onde não tem a prestação de serviços do estado e infelizmente estes grupos tentam adentrar [...] consequentemente em alguns bairros periféricos da cidade estas organizações tentam adentrar para oferecer alguns serviços que agradam essa população, e obviamente que o poder público tem que ocupar estes espaços”, disse o comandante em entrevista ao programa A Notícia de Frente, da TV Vila Real, nesta quarta-feira (8).
O coronel ainda justificou que Mato Grosso, por fazer fronteira com a Bolívia, é uma passagem “obrigatória” de traficantes que buscam enviar drogas para outras regiões do país ou para a Europa. Porém, garantiu que as forças de segurança têm atuado energicamente no combate às organizações criminosas responsáveis pelo tráfico e que Mato Grosso não está dominado pelas facções.
“Dominado não está, tanto é que nossos presídios estão abarrotados, cheios de lideranças que foram presas, [...] somente nestes 3 primeiros meses aqui em Mato Grosso foram quase 3 toneladas de drogas apreendidas, isso só foi possível pelo cruzamento de informações entre as agências de inteligência, entre as instituições, a Polícia Militar sozinha não conseguiria fazer estas apreensões [...] Este trabalho está sendo realizado com bastante integração para que nós possamos coibir a entrada ou a passagem destes materiais ilícitos para dentro do país”.
Com relação à existência de “disciplinas”, cargos que existem nas organizações criminosas para punir pessoas que violam as regras da facção ou cometem crimes em determinadas regiões sem autorização, o coronel afirmou que esta figura não é nova, mas que isso continua sendo crime e deve ser punido.
“Isso é um fato que realmente é verdade no Brasil, [...] existe realmente o cargo chamado disciplina, que é a pessoa que vai fazer a correção, vai fazer as agressões e as torturas com aquelas pessoas que porventura estão em desacordo com a facção criminosa. [...] Agora, quando este disciplina é identificado, é preso e encaminhado ao Poder Judiciário para que seja processada e julgada. Nós temos vários disciplinas que estão presos, reclusos em nossas cadeias públicas”.
Para o coronel, a raiz da violência é o uso de drogas, que financia as organizações criminosas. Outro responsável pela “explosão de violência”, segundo o comandante são as leis brandas.
“Nós temos inúmeras vertentes para essa explosão de violência, posso citar duas delas [...] O que fomenta a maioria da violência do país é o consumo das drogas. Quando se fala nesse consumo, são pessoas viciadas que necessitam praticar crimes para comprar e consumir seu entorpecente [...] a segunda vertente, não vou falar nem que é o enfraquecimento das leis, mas infelizmente quando existem leis no país para a população, existem lacunas e brechas onde pessoas praticam crimes e acabam não sendo ressocializadas [...] não estou dizendo que a culpa é do Poder Judiciário ou do Ministério Público, a culpa é da nossa legislação tão branda”.
Fonte: Gazeta Digital