Entidades sindicais encaram a situação como uma espécie de “calote”. Sem esse valor não é possível assegurar a realização de concursos, a reestruturação de carreiras, o reajuste salarial e nem de benefícios como plano de saúde e auxílio alimentação.
Na última terça-feira (23/8), mais uma reunião entre representantes do funcionalismo e integrantes do Ministério da Economia terminou frustrada.
“Lamentável que o governo continue com o mesmo desprezo ao funcionalismo demonstrado desde o início deste mandato”, comentou o secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva.
Com quatro reuniões fracassadas, os servidores têm adotado um discurso duro contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Nada do que foi anunciado por este governo aos servidores se cumpriu”, reclama Sérgio.
O Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) lançou uma “carta em defesa dos serviços públicos e por orçamento justo para o funcionalismo em 2023”, em que cobra definições do governo federal.
A estagnação nas negociações se deve ao fato de a equipe do ministro Paulo Guedes não encontrou fontes robustas de receita, segundo apurou o Metrópoles, para garantir um aumento que atenda o desejo dos servidores, que cobram 19,99% de reposição.
Desde janeiro, o grupo tenta negociar um reajuste com o governo. Os servidores afirmam que a defasagem salarial chega a 33%. Algumas carreiras estão desde 2017 sem aumento salarial.
O país conta com 12 milhões de servidores públicos. Somente a União tem pouco menos de 600 mil na ativa. Um reajuste para esses funcionário tem efeito escalonado entre os Poderes, estados e municípios.
Se outros os Poderes aplicarem a mesma recomposição de 5% a seus servidores, como normalmente é feito, seria necessário engordar a conta com mais R$ 1,5 bilhão.
O governo tem até o dia 31 de agosto para encaminhar a proposta de Lei Orçamentária Anual ao Congresso Nacional. “O certo é que a luta para assegurar uma reposição salarial justa em 2023 está só começando”, alerta a entidade sindical.
Derrotas
O funcionalismo público federal sofreu dura derrota em 2022. Isso porque terminou em 4 de julho o prazo para a concessão de aumentos neste ano. Bolsonaro se tornou o único, em 20 anos, a não conceder reajuste a servidores durante o mandato.
A legislação eleitoral proíbe que, no período entre 180 dias antes das eleições e a posse dos candidatos eleitos, haja reajuste na remuneração para servidores.
O Ministério da Economia não comentou as últimas negociações. A pasta diz que trabalha com um projeto de restruturação das carreiras para o próximo ano, mas não detalha o que seria.
Fonte: Metrópolis